Consciência Negra: 10 expressões racistas para cortar do vocabulário

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*Texto publicado pela primeira vez no 19/11/2021 e atualizado em 19/11/2022

No Dia da Consciência Negra, que tal começar a prestar mais atenção nas expressões racistas que devemos cortar de nossos vocabulários?

Muitas falas que parecem inofensivas usadas no nosso dia a dia carregam preconceito e reproduzem pensamentos racistas.

Então vem comigo, porque hoje separei 10 expressões para você evitar e vou te dar algumas opções do que usar no lugar. ?

O que significa Consciência Negra?

Antes de tudo, é importante falar um pouco sobre o que significa esse termo.

Steve Biko, ativista negro sul-africano e antiapartheid, criou o termo “Consciência Negra” como uma proposta de política de transformação das classes e do mundo.

Inspirado no slogan “Black is Beautiful” (o preto é lindo), Biko criou o conceito de Consciência Negra a partir da ideia de que a população negra precisava libertar a sua consciência e entrar em contato com a sua própria identidade.

Em resumo, a Consciência Negra é a percepção por parte da pessoa negra de sua necessidade em juntar forças com seus irmãos pretos e agir como um grupo, se libertando então das correntes da servidão.

Atualmente, o dia da Consciência Negra é uma data para se questionar e propor mudanças na estrutura social, que é racialmente desigual.

É um momento para a valorização da cultura negra e de sua identidade nos momentos que unem os negros positivamente.

Qual a importância do dia 20 de novembro?

Essa data vai muito além de uma celebração. Ela representa um momento de questionamento sobre a realidade do negro brasileiro.

Por isso ela não se pauta apenas no passado, mas também no presente e no futuro da população negra.

Uma das demandas mais importantes do movimento negro nacional é que as discussões não se concentrem apenas no dia 20 de novembro, tampouco na “Semana da Consciência Negra”.

É importante manter o compromisso de ser antirracista diariamente, durante os 365 dias do ano. Só assim podemos começar a curar a nossa sociedade desse problema estrutural.

10 expressões racistas que devemos parar de usar

A assinatura da Lei Áurea em 1888 aboliu a escravatura, mas muitos resquícios dessa época continuam no nosso vocabulário.

Então, separei alguns termos que você provavelmente não percebeu que são racistas e quais termos pode usar no lugar delas.

1) A coisa tá preta

A expressão “A coisa tá preta” associa o “preto” com uma situação repulsiva ou perigosa. Desagradável, não? 

Por isso, no lugar dela, você pode falar que está passando por uma situação complicada, por exemplo.

2) Inveja branca

Esse é outro termo que associa o negro ao comportamento negativo e ainda é muito usado hoje em dia.

Nós sabemos que a inveja é um sentimento negativo, mas quando dizemos que ela é branca, isso significa que de alguma forma o sentimento é suavizado por essa cor.

Como se o branco fosse bom e, por outro lado, o preto representasse o mau. Daí vem a carga racista da expressão.

Então, nesse caso, vale substituir “inveja branca” apenas por “inveja” mesmo. 

3) Da cor do pecado

Essa expressão racista é tão naturalizada que já teve até novela com esse nome, acredita?

Usada como um elogio, esse termo na verdade hipersexualiza o corpo negro e remete a época em que ser negro era considerado um pecado. 

Nesse caso, não temos sugestão de expressão pra substituir esse termo. Ou seja, corte o termo 100% do seu vocabulário, tudo bem?

4) Denegrir

Essa outra expressão muita gente já sabe, mas é sempre bom lembrar. Ela é o sinônimo de “difamar” e quer dizer “tornar algo negro”.

Como você pode ver, está de novo associando o preto ao sujo, ao impuro. Então, em vez de falar isso, você pode usar a palavra “difamar” mesmo.

5) Criado-mudo

O nome do móvel que fica ao lado da cabeceira da cama foi inspirado na função de escravos que serviam a casa.

Eles eram chamados de criados e punidos por falarem. Péssimo, né?

No lugar dessa expressão, chame o móvel de “mesa de cabeceira”. Assim, você evita a associação.

6) Doméstica

Assim como “criado mudo”, essa expressão surgiu da época em que as mulheres negras trabalhavam dentro das casas das famílias brancas e eram consideradas domesticadas.

Isso porque as pessoas pretas eram vistas como animais que precisavam ser domados.

Dessa maneira, use “funcionária do lar” ao invés dessa palavra, ok?

7) Mulata

A palavra “mulata” se refere à mula, um animal originado do cruzamento de burros com éguas.

Os patrões abusavam das escravas na época da escravidão e elas acabavam engravidando.

Por isso, seus filhos eram chamados de mulatos, já que eram o cruzamento de um homem branco com uma mulher negra.

Você pode usar o termo “pardo” no lugar dessa palavra, beleza?

8) Meia Tigela

Na época da escravidão, quando um escravo fazia o serviço de acordo com o que o dono queria, recebia uma tigela cheia de comida.

Se fizesse algo que o dono não gostasse, recebia uma tigela pela metade, para sinalizar que o trabalho foi mal feito.

Portanto, use o termo “medíocre” ou “mal feito” no lugar dessa expressão para evitar reproduzir falas racistas.

9) Feito nas coxas

A fim de entender esse termo você precisa saber que antigamente, os escravos moldavam as telhas das casas nas suas coxas.

Por eles terem corpos diferentes, as telhas não tinham padrão e não se encaixavam direito.

As pessoas usam esse termo, assim como “meia tigela”, para falar que algo foi mal feito.

Então você também pode usar “medíocre” ou “mal feito” como termos substitutos aqui, viu?

10) Tem caroço nesse angu

A expressão que significa que alguém está escondendo alguma coisa, surgiu de um truque que escravos realizaram para se alimentar melhor.

Quando os pratos servidos para os escravos eram compostos só por uma porção de angu, a escrava que os servia as vezes conseguia esconder alguns pedaços de carne por baixo desse caldo.

Você pode falar “aí tem coisa” no lugar desse termo, tudo bem? ?

Conclusão

Agora que você já aprendeu expressões racistas e como substituí-las, que tal compartilhar esse texto para outras pessoas aprenderem também?

Esse é um conteúdo de conscientização e ajuda a fortalecer uma sociedade plural.

Afinal de contas, o racismo estrutural se dá exatamente nesses detalhes que passam muitas vezes despercebidos no dia a dia.

Vamos fazer nossa parte, incluindo cortar do nosso vocabulário as expressões citadas nesse texto?

E lembre-se: a luta antirracista é todos os dias, não apenas no Dia da Consciência Negra ✊?

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