Muito se falou, principalmente esse ano, como ser antirracista. Mas o que queremos saber é: você sabe porque novembro é o mês da consciência negra?
Uma breve retrospectiva
Existe a ideia de que Zumbi foi o termo designado a pessoa que exercia a liderança política do quilombo – local onde os escravos se refugiavam na época do Brasil Colônia.
No século 17, o quilombo dos Palmares abriu refugiados das capitanias de Pernambuco e Bahia. E seu último líder, Zumbi dos Palmares, foi um personagem importante no movimento contra a escravidão e uma figura que marcou a história do país.
Em 20 de novembro de 1695, muitos quilombolas pertencentes à Palmares foram mortos nas batalhas contra as forças Luso-Brasileiras. Dentre eles, seu líder, Zumbi.
Foram mais de 90 anos de resistência
Essa foi a experiência mais duradoura e mais eficiente contra o sistema escravista e contra o domínio colonial na América.
Nos anos 1970, em meio à ditadura Civil Militar, o Movimento Negro Unificado reorganizou a Militância Negra no país e lutou pelo reconhecimento de Zumbi como herói da resistência. E ainda, do Quilombo dos Palmares como emblema da liberdade dos Afro-Brasileiros.
Mas, o reconhecimento oficial do Zumbi veio apenas em 1997. Desde então, o dia 20 de novembro representa a Luta contra a escravidão, a opressão e o racismo. Já no ano de 2011, a data passa a ser considerada oficialmente como “Dia Nacional de Zumbi” e o “Dia da Consciência Negra”.
O que Significa Consciência Negra?
O termo “Consciência Negra” começou com um pensador chamado “Steve Biko”, ativista negro sul-africano antiapartheid. E ele propunha a Consciência negra como uma proposta política de transformação das classes e do mundo. Ele propagou pelo mundo o Slogan “Black is Beautiful” (o negro é lindo). Biko forjou o conceito de Consciência Negra a partir da ideia de que era preciso que a população negra libertasse sua consciência e encontrasse sua própria identidade.
Consciência Negra seria, em essência, a percepção por parte da pessoa negra, de sua necessidade em reunir forças junto aos seus irmãos em torno da causa de sua atuação – a negritude de sua pele – e de agir como um grupo, a fim de se libertarem das correntes da servidão.
Hoje, o dia da Consciência Negra é um dia para questionar, propor mudanças nesse padrão histórico de sociedade racialmente desigual. É um momento para valorização da cultura negra, da identidade, da estética e nas coisas que unem os negros positivamente.
Qual a importância da data?
Essa uma data que vai muito além de uma celebração. Ela representa um momento de questionamento sobre a realidade do negro brasileiro. Para isso, não se pauta apenas no passado, mas também no presente e no futuro da população negra. Inclusive uma das demandas do movimento negro nacional é de que as discussões sobre negritude não se concentrem apenas nas 24 horas do 20 de novembro; tampouco na “Semana da Consciência Negra”.
Discutir negritude é tentar compreender que país é esse que, reforçando estereótipos, não remedia causas e pré-determina os espaços que a população negra supostamente deve ocupar. Debater sobre a negritude é curar as dores do passado, lembrar que o Brasil é um país multicultural e que nenhuma nação deve tomar estereótipos como regra. O povo negro é tão complexo quanto qualquer outro e o seu destino nunca esteve predeterminado.
“Ao invés de dizer que não são racistas, é preciso se afirmar antirracistas. Mantenham esse compromisso de 365 dias de Consciência”
Para saber mais:
Dandara dos Palmares foi muito mais do que só esposa de Zumbi. Ela foi uma mulher que guerreou e elaborou estratégias essenciais para a trajetória de todo o povo preto.